quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Para especialistas, Viver a vida necessita de um vilão


Nem as vilanias da personagem Isabel convencem o telespectador

A novela das oito completou cem capítulos na última semana, mas ainda não conseguiu cair na boca do povo. Chegou a registrar audiência inferior a da novela das sete, Caras & bocas, que terminou na última sexta, e tem recebido críticas do público e de especialistas. Os telespectadores sentem falta, principalmente, de um vilão para movimentar a novela e de mais ação nos núcleos paralelos. A reviravolta que o acidente de Luciana provocaria na trama de Manoel Carlos também é muito pouco sentida.

[FOTO1]"O papel do vilão na teledramaturgia é conflitar. É um personagem obrigatório para uma construção dramática", afirma Claudino Mayer, pesquisador de teledramaturgia da USP. Para ele, os antagonistas da novela têm criado conflitos fracos. Esses pequenos vilões seriam Isabel (Adriana Birolli), Benê (Marcello Melo) e Tereza (Lilia Cabral). Intérprete da filha de Marcos, Adriana se diz satisfeita com o perfil de sua personagem: "Uma novela não precisa de um grande vilão para ser boa. O que a Isabel faz é o contraponto. Isso já é suficiente para criar as discussões", defende a atriz.

Anti-heróis
Maneco, como o autor é conhecido, também sai em defesa de seus anti-heróis: "Meus personagens são pessoas comuns, com virtudes e defeitos, não há heróis ou vilões inverossímeis. E assim continuarão." Histórias previstas, como as traições de Gustavo e Betina, o drama de Sandrinha e Benê e mesmo as vilanias da pequena Rafaela, são outros alvos de críticas por demorarem muito para acontecer. "A monotonia da novela está pior que na vida real%u201D, analisa Mayer. "Tramas como a da alcoólatra (Renata, personagem de Bárbara Paz), a do marido que quer trair a mulher (Gustavo, vivido por Marcello Airoldi) e outras caíram no esquecimento e aparecem de forma superficial", critica.

Maneco diz que seu objetivo é contar bons dramas, mesmo que narrados de formas diferentes. "Para mim, as histórias têm de permear o real. Gosto do que é possível." Para Nilson Xavier, autor do Almanaque da Teledramaturgia Brasileira, essa escolha de contar histórias de forma mais lenta é o estilo de Manoel Carlos e, apesar de já ter acontecido em outras tramas do autor, tem prejudicado o desenrolar de Viver a vida.

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